O Parque Nacional da Peneda – Gerês é um santuário no que toca a biodiversidade, cultura e história.

Dentro dos seus limites conta com inúmeras espécies animais e vegetais, que muitos curiosos tem atraído para os seus domínios, desde entusiastas pela natureza, aventureiros, caminheiros ou pessoas que apenas procuram um dia tranquilo neste sítio pacífico.

De entre todas estas atrações, uma das mais requisitadas são as cascatas que a rede hidrográfica do parque sustenta e que tem esculpido as bonitas paisagens com que nos presenteia. 

Como tal, hoje será o nosso tema de eleição. Como exploradores assíduos do parque, preparamos para si uma seleção de cascatas que entendemos serem pontos de passagem obrigatória na visita deste incrível local.

O parque nacional apresenta características de climatéricas por vezes difíceis de suportar. Possuindo diversos micro climas, nem todas as épocas do ano são boas para visitar estes lugares mágicos, apesar de alguns serem acessíveis até nas piores das condições. 

A nossa recomendação é que caso se dirija ao parque com o intuito de visitar as cascatas, o faça no fim da Primavera e no Verão, a razão para isto é que até certa altura do ano as cascatas têm muito caudal e as suas águas são gélidas devido ao facto das nascentes estarem localizadas em altitudes consideráveis, tendo a água de percorrer as pedras frias de granito até chegar às zonas mais baixas. 

Chegado o fim da Primavera com as temperaturas a subir, anunciando o Verão a temperatura da água sobe consideravelmente, que fará as delícias dos amantes de banhos, sempre acompanhados pelo já quente Sol que se faz sentir.

No entanto por mais bonitos que estes sítios sejam, requerem muita prudência e cautela na hora de os visitar, são sítios íngremes, alguns com acessos difíceis e escorregadios por causa da erosão sofrida pelas pedras graníticas, é imperativo o uso de calçado adequado ao terreno, roupa confortável, uma dose generosa de água para se hidratar e se possível calçado aquático que lhe vão dar uma boa aderência quando chegada a hora de entrar nas águas. 

Reforçamos que todos os anos acidentes acontecem e apesar do parque ter profissionais bastante competentes no resgate dos infortunados que por algum motivo se acidentaram, todo o processo é de enorme dificuldade tendo muitas vezes de ser feito por helicóptero.  

Não o dizemos para o assustar, mas sim para o prevenir, para que possa desfrutar em segurança destes incríveis sítios perdidos.

Reforçamos ainda que todo o lixo produzido pelos que lá vão deve ser retirado, pois preservação é a palavra de ordem para que possamos sempre perder-nos pelo infindável Parque Nacional da Peneda – Gerês.

Cascata Fecha de Barjas

Esta é talvez uma das mais famosas cascatas do parque devido a localizar-se junto a uma das suas estradas principais entre as aldeias de Fafião e Ermida, o acesso é facilmente feito por carro e inclusive existe um parque de estacionamento junto da cascata.

Abastecida pelo Rio Arado e com a natureza como sua arquiteta foi-lhe atribuída um aspeto de escada, em cada degrau existe uma pequena lagoa, onde com as devidas precauções se pode banhar com água e sol, dispõem de 4 níveis diferentes, os 3 primeiros são acessíveis por uma escadaria na beirada da estrada, onde são de notar 2 antigos moinhos de água que aproveitavam a força das suas águas para moer os cereais produzidos nos campos agrícolas ali perto.

O último dos níveis da cascata é o sítio onde ela se junta com o Rio Fafião, bem no fundo do vale, para lá chegar do lado esquerdo da ponte onde começam os níveis superiores, encontrará um pequeno trilho de terra que terá que seguir cuidadosamente até ao fundo do vale, lembre-se a segurança está primeiro, vá com cuidado, use as árvores como suporte e caminhe vagarosamente, o caminho é íngreme e propenso a escorregar.

Chegados ao fundo deste trilho irá encontrar uma bonita lagoa de águas cristalinas com areia nas suas margens, ora nem mais chegou ao que na nossa é o mais mágico nível desta escada, rodeado por natureza em todos os lados, só lhe falta descontrair e aproveitar este pedaço de natureza. 

Cascata de Leonte

No parque nem todas as cascatas são possíveis de usar para banhos, algumas são apenas possíveis contemplar devido à sua localização não permitir a interação. 

É o caso da Cascata de Leonte, localizada na estrada que liga a Vila do Gerês à fronteira com Espanha, comumente conhecida como Portela do Homem.

Para lá chegar terá de percorrer cerca de 7 km dessa estrada, é então que á sua esquerda encontra uma enorme queda de água, caindo abruptamente sobre o vale no fundo da colina.

Como se trata de uma cascata apenas para observação, não acarreta grandes perigos, mas pedimos que caso se dirija lá de carro que antes de parar para a sua  contemplação, que escolha um sítio adequado para estacionar o carro, pois a estrada é estreita, sinuosa  e de 2 sentidos, mesmo que isso implique que tenha de caminhar um pouco para chegar ao sítio pretendido, assim prevenirá congestionamento de trânsito e possíveis acidentes.

Cascata do Arado

Chegou altura de vos falar da também famosa cascata do Arado, que a par com a Cascata da Frecha das Barjas são as que mais afluência de pessoas apresentam devido ao seu fácil acesso.

Localizada a cerca de 3 km da aldeia da Ermida indo no sentido ascendente da Serra, apenas tem de seguir a estrada principal até que encontrará um cruzamento com um enorme rochedo ao lado direito chamado Miradouro das Rocas, onde encontrará também um caminho de terra, caminho esse que deve seguir por cerca de 1 km, recomendamos que deixe o seu meio de transporte no início do caminho e o faça a pé, até que irá chegar ponte do Rio Arado, onde se localiza a cascata.

Passada a ponte do seu lado esquerdo terá uma grande escadaria que o leva quase ao topo da colina, onde poderá contemplar a Cascata do Arado, a queda de água é de considerável tamanho e fará as delícias dos amantes de fotografia. 

Para amantes de água recomendamos que regresse à ponte e faça o trajeto nas margens do rio no mesmo sentido das escadas, que o levará à lagoa criada pela cascata, onde poderá relaxar, ouvir o som da água e a apanhar vitamina A com o sol que por certo se fará sentir.

Lembre-se prima sempre pela segurança e se achar que não será capaz de chegar à lagoa em segurança, fique pelas margens do rio, mais junto à ponte que são de igual beleza. 

Cascata da Peneda

Esta cascata leva-nos à zona Oeste do parque, ao concelho de Arcos de Valdevez, onde na freguesia de Gavieira no meio de um bonito vale vamos encontrar a Senhora da Peneda, santuário outrora utilizado para dar dormida aos peregrinos que ali iam fazer as suas preces, ao deslocar-se até lá e ainda ao longe começará por ver uma espuma branca no ar vinda das traseiras do santuário, com o aproximar do sítio um burburinho irá surgir, burburinho esse que vem da bonita e abençoada Cascata da Peneda.

Esta será outra das que será apenas para contemplar com o seu olhar atento, no entanto valerá cada momento, com uma queda de mais de 30 metros irá parecer um gigante à sua frente, as suas águas caem continuamente o ano todo, formando um pequeno curso de água que passa por debaixo do Santuário em direção ao Rio da Peneda, que corre ali perto. 

A lenda diz que a cascata é protegida pela Senhora da Peneda, Santa em nome de quem foi construído o santuário. Aqui a natureza está em perfeito equilíbrio com a ação do homem.

Cascata de Pincães

Com um nome pitoresco, esta obra da natureza levamos á bonita freguesia do Cabril, mais propriamente à pequena aldeia de Pincães que dá nome à cascata. A aldeia só por si já nos faz ficar boquiabertos com o seu aspeto de outros séculos, a qual recomendamos que visite e passe algum tempo. 

Chegados à aldeia é hora de exercitar os músculos e fazer um pouco de caminhada, mas não se assuste, são apenas 2 km de trilha, mata adentro, rodeados de verde em todas as direções, com o som dos pássaros como sinfonia. Pelo caminho irá passar por um antigo lagar de azeite, onde antigamente as gentes da aldeia faziam este precioso bem, irá também ver um dos muitos moinhos da região que há muito providenciam a essencial farinha.  

Passadas esta 2 maravilhas irá por fim encontrar uma bela lagoa com uma queda d’água de fazer cair o queixo, é verdade chegou á Cascata de Pincães. Sendo de fácil acesso esta é uma das cascatas possíveis de visitar todo o ano, tomando sempre as precauções necessárias.

Cascata das Lagoas da Mata da Albergaria

Localizada no coração da Mata da Albergaria bosque de uma enorme riqueza em termos de Biodiversidade e um dos mais importantes do parque, que lhe viu ser atribuído pelo Conselho Europeu o estatuto de Reserva Biogenética do Continente Europeu, sendo considerada pelas normas reguladores do parque uma área de proteção parcial e por isso sobre vigilância.

Para lá chegar terá que se deslocar até á Portela do Homem porta fronteiriça com Espanha, onde poderá estacionar o seu meio de transporte, pedimos que não o faça em nenhuma outra parte do percurso a não ser na Portela do Homem, pois é expressamente proibido estacionar nas bermas da Mata e a velocidade máxima permitida são de 40km/h para que a natureza não seja perturbada por nós humanos, lembre-se o respeito pela natureza é o primeiro passo para a conservação. 

Chegados à fronteira em frente ao edifício lá existente terá uma placa informativo sobre o parque, junto à placa terá o trilho que terá de seguir. Encontra-se disponível a maior parte do ano, mas o recomendado é fazê-lo nas alturas de maior calor, Primavera e Verão.

O trilho irá levá-lo ao coração da mata, onde a certo momento irá encontrar uma ponte de madeira que lhe dará uma bela vista sobre o Rio Homem, transponha a ponte e continue o trilho à direita. Este é um trilho milenar, pois faz parte da antiga estrada romana que ligava as Astúrias no norte de Espanha e Braga em Portugal, imagine só as legiões de romanos que por aqui passaram á mais de 1000 anos atrás, incrível não acha? 

Continuando este caminho cheio de história e um pouco mais á frente, irá encontrar mais uma bela ponte de madeira, aqui sim podemos dizer que chegámos, ao passar a ponte terá à sua direita a bonita Cascata das Lagoas da Mata da Albergaria, resta-lhe agora sempre com as devidas precauções usufruir deste bonito espaço  em que nós já tantas vezes fomos felizes, seja feliz também.  

Cascata de Cela Cavalos

Escondida entre duas maravilhosas aldeias do Parque Nacional Peneda – Gerês, Lapela e Cela, encontramos mais uma das idílicas cascatas, a Cascata de Cela Cavalo, é considerada por muitos uma das menos visitadas do parque, por isso é ainda um segredo bem guardado. 

Para lá chegar terá que ir até á Capela de Santa luzia na aldeia de Cela, onde ali perto encontra um estradão de terra que o fará caminhar por cerca de 2 km, até que os seus olhos e ouvidos vão ser invadidos pela vista e pelo som desta maravilhosa obra prima protagonizada pela natureza.

Curiosamente a Lagoa Cela Cavalos localiza-se na parte superior da cascata, para lá chegar deve subir a direita da cascata junto às ruínas de um moinho ali existente, apenas o faça se se sentir seguro para tal, caso não se sinta seguro para o fazer pode sempre fica na lagoa que se formou no fundo da cascata que será  igualmente prazeroso. 

Visto que perto da cascata não existem serviços, como bares, restaurantes e lojas de comércio, lembre-se de levar um lanche, que depois dos belos mergulhos lá feitos, por certo a fome aparecerá. 

Cascata do Laboreiro

Sendo fiel ao seu nome, esta cascata localiza-se na bonita vila castreja de Castro Laboreiro, mais um dos sítios carregados de história que este parque tem para nos dar. 

Estando na vila, apenas terá de procurar pela Ponte Velha de Castro Laboreiro, ponte romana, de onde poderá admirar as frenéticas águas do rio Laboreiro que serpenteiam encosta abaixo, deixando um mar de espuma pelo caminho, que cai abruptamente na chegada à Cascata do Laboreiro.

Sendo uma cascata com difícil acesso às suas águas, será maioritariamente para contemplar, no entanto fará as delícias dos aficionados de fotografia, agitada e graciosa esta cascata fará de cada foto um quadro e caso a vista próxima à cascata não lhe chegue terá ali perto um miradouro, chamado “Salto do Gato” frontal à cascata que lhe permitirá uma vista mais abrangente.

Cascata da Lagoa do Poço Negro

Este é mais um dos segredos bem guardados do parque, localizada perto da Vila do Soajo, ainda pouco descoberta pelos aventureiros que por aqui se deixam perder esta é uma das mais fundas cascatas do parque com cerca de 5 metros de profundidade na lagoa por ela formada. 

A lagoa tem o nome de “Poço Negro” mas não se deixe enganar as águas são cristalinas e puras. Para os locais é um dos sítios de eleição para ir a banhos, devido à sua profundidade possibilita mergulhos de alturas até 9 metros, no entanto estes mergulhos são sempre de perigo elevado devido ao seu leito rochoso e às inúmeras rochas que compõem o fundo.

Não aconselhamos esta ação, mas é possível que veja pessoas a mergulhar!

Estes locais mágicos tem sempre a sua dose de acidentes e o que queremos é que tenha uma experiência a lembrar pelos melhores motivos.

Deve também lembrar-se na ida a esta cascata, que é um espaço de conservação da natureza que deve ser mantido limpo, principalmente por nós que nas suas águas nos banhamos. Vá e envolva-se com este sítio, uma memória que certamente irá durar.  

Cascata do Poço Azul

Como um segredo bem guardado nunca vem só, a nossa última cascata é mais um desses sítios. Chama-se Cascata do Poço Azul, tal como a anterior esta é também bastante funda com cerca de 6 metros de profundidade, o que torna as suas águas bastante frias pois o sol demora a penetrá-las de modo a aquecê-las. 

A sua localização está bem escondida no coração do parque para lá chegar uma boa caminhada será necessária, mas a recompensa é sempre melhor depois do esforço, não é verdade?

Para lá chegar terá que ir até á aldeia da Ermida, onde terá que seguir o trilho PR14 até que encontrará a Ponte do Rio Arado, encontrada a ponte há que continuar a seguir a estrada por mais 3km sensivelmente, até que chegará à Tribela, aqui terá que virar à esquerda e seguir mais 1km até encontrar um largo com uma bonita casa com piscina, chegados a este ponto o que tem de fazer é seguir pelo meio do vale nos caminhos dos pastores.

Geralmente são fáceis de notar e bastante intuitivos em termos de orientação. Tomando este caminho irá descer ao Rio Conho que corre no fundo do vale, para logo de seguida subir a encosta em frente.

Chegados ao cume e com uma vista de fazer os olhos brilhar, já começamos a ter a sensação que estamos a chegar, vire à esquerda junto ao abrigo de pastores no topo da encosta, 2 km depois irá encontrar o mágico sítio da Cascata do Poço Azul.

O caminho terá cerca de 16km ida e volta, uma ótima escolha para quem tem paixão por caminhada, mas não dispensa mergulhos em sítios paradisíacos.

Cascata de S. Miguel

Esta é outra das cascatas bastante requisitadas do parque, uma vez mais devido ao seu fácil acesso, pois encontra-se junto a uma das estradas principais do parque.

Para lá chegar terá que se dirigir pela estrada da Mata da Albergaria à Portela do Homem, já anteriormente referida como porta fronteiriça com Espanha, durante o caminho e quase a chegar à fronteira irá ver a cascata á sua direita, continue e estacione o seu veículo na zona destinada, um pouco mais á frente, pois é proibido estacionar nas bermas da estrada da mata. 

Volvendo cerca de 1 km para trás, ouvimos e sentimos pela primeira vez a Cascata de S. Miguel, abastecida pelo pujante Rio Homem, aqui pode fazer um pouco de tudo, mergulho, apanhar banhos de sol, explorar as redondezas de puro verde ou até mesmo fazer um pequeno piquenique, seguindo sempre as regras de limpeza e segurança de espaços como este.

A cascata de S. Miguel dispõem de um bonita lagoa no seu fundo onde as águas são cristalinas, mais calmas e aquecidas pelo Sol, perfeita para um dia de puro relaxamento. 

Da imensidão de lagoas, ribeiros, rios e cascatas que o parque nacional dispõem, deixamos aqui baseado no conhecimento dos vários anos de experiência que temos por estas terras, as mais incríveis cascatas do Parque Nacional Peneda – Gerês.